A infraestrutura de carregamento como diferencial competitivo no negócio de venda de automóveis

Auto Avaliar 31 de October de 2025 5 min. de leitura

As vendas de veículos eletrificadosBEVs (Battery Electric Vehicles), PHEVs (Plug-in Hybrid Electric Vehicles) e HEVs (Hybrid Electric Vehicles) – vêm crescendo em ritmo acelerado em todo o mundo.

Até agosto de 2025, o mercado brasileiro já registra uma participação de 7% a 8% dos eletrificados no total de veículos novos vendidos, segundo a FENABRAVE e a ABVE. Embora o número ainda esteja abaixo dos níveis de mercados mais maduros, trata-se de um crescimento consistente.

Participação dos eletrificados em diferentes mercados:

  • Noruega: 92% dos veículos vendidos são eletrificados (sendo 82% BEVs).
  • Alemanha: 52% dos veículos são eletrificados, dos quais 18% são 100% elétricos.
  • Estados Unidos: 28% são eletrificados, sendo 8% puramente elétricos.
  • Japão: 46% são eletrificados, mas majoritariamente híbridos convencionais (HEVs). Apenas 4% são veículos com carregamento na tomada (PHEVs ou BEVs), devido à dependência de combustíveis fósseis na matriz energética.

Cada país tem características específicas que influenciam a adoção dos eletrificados, mas a tendência global é clara: a frota caminha para a predominância dos veículos elétricos.

O avanço dos eletrificados no Brasil

No Brasil, esse movimento ganhou força principalmente nos últimos três anos, impulsionado pela chegada de fabricantes chineses, que trouxeram tecnologias avançadas em:

  • Baterias
  • Semicondutores
  • Inteligência artificial aplicada ao automóvel

Exemplo:

Na China, 42% do mercado já é composto por veículos com baterias de alta tensão e motores elétricos. Destes, 25% são apenas elétricos. O país lidera o mercado global tanto em volume geral quanto em eletrificados.

Impacto no mercado de seminovos e infraestrutura

Com o aumento recente na frota de elétricos no Brasil, é esperado um reflexo direto no mercado de seminovos e usados, especialmente dois anos após o crescimento das vendas de novos. Isso exigirá infraestrutura adequada por parte de concessionários e lojistas.

Hoje, a maioria dos veículos eletrificados é entregue com um carregador portátil lento, suficiente apenas para recargas noturnas. No entanto, não é eficiente para situações de “carga de oportunidade” (30 minutos a 2 horas), como durante a visita a uma loja.

Exemplo prático:

  • Carga de 2 kWh por 1 hora a 2 kW
  • Aumento de autonomia de 7 a 15 km, dependendo do modelo

Recomendação: Wallbox entre 7 kW e 11 kW

Para recargas mais relevantes no tempo de permanência do cliente, a recomendação é instalar carregadores do tipo Wallbox, com potência entre 7 kW e 11 kW.

Diferente de equipamentos residenciais como chuveiros elétricos (também de 7 kW), um carregador automotivo opera por muito mais tempo. Por exemplo, um carregador de 7 kW leva aproximadamente 7 horas para carregar uma bateria de 48 kWh.

Exigências técnicas da instalação

A infraestrutura elétrica precisa ser robusta e segura. Veja os principais pontos:

Proteção elétrica:

  • DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos): protege contra sobretensões
  • DR (Disjuntor Diferencial Residual): protege contra choques elétricos

Cabos e disjuntores:

  • Devem ser dimensionados corretamente, considerando:
    • Potência do carregador
    • Distância até o quadro elétrico
    • Corrente de operação

Aterramento é essencial

Embora o padrão brasileiro preveja tomadas de 3 pinos com aterramento, muitas instalações não oferecem aterramento adequado.

Nos carregadores de veículos eletrificados, o aterramento é essencial para:

  • Garantir a segurança do usuário
  • Preservar a integridade da instalação

Mão de obra especializada: invista!

Evite improvisações. Não basta contratar o eletricista que instalou o ar-condicionado da loja. É recomendado contratar uma empresa especializada, que fará o projeto e a instalação de forma segura e em conformidade com as normas.

Requisitos do Corpo de Bombeiros

Além dos requisitos elétricos, a instalação deve atender às exigências de segurança contra incêndios:

  • Extintores próximos aos pontos de carga
  • Ventilação adequada (natural ou forçada)
  • Sinalização de emergência e rotas de fuga
  • Projeto técnico aprovado junto ao Corpo de Bombeiros
  • Sistema de sprinklers, se a edificação for de alto risco (como shoppings ou indústrias), conforme a Instrução Técnica (IT) nº 23/2025 em São Paulo

Normas técnicas de referência

  • ABNT NBR 17019: infraestrutura de recarga
  • ABNT NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão

Infraestrutura como diferencial competitivo

Apesar das exigências técnicas e normativas no Brasil serem mais rígidas do que em mercados como a Noruega, isso representa uma oportunidade estratégica.

Concessionárias e lojas que investirem em infraestrutura de carregamento estarão mais preparadas para receber o cliente do futuro  e também do presente, que já começa a buscar locais com pontos de recarga.

Oferecer carregadores seguros, conforme as normas, é muito mais que uma conveniência  é um diferencial competitivo.

Na prática, isso significa:

  • Atrair clientes para uma visita prolongada
  • Oferecer uma experiência diferenciada
  • Aumentar as chances de conversão em vendas

O recado é simples:

Quem se prepara primeiro, colhe primeiro.

Autor: André Maranhão especialista em veículos elétricos.

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